DOCUMENTÁRIO MOSTRA ASPECTOS POUCO CONHECIDOS DE FERNANDA YOUNG

  Imagem do filme “Fernanda Young — Foge-me ao controle”

Documentário mostra mostra aspectos pouco conhecidos de Fernanda Young

Susanna Lira estreia longa 'Fernanda Young — Foge-me ao controle' no festival É Tudo Verdade, com sessões em São Paulo e no Rio

Por 

Eduardo Vanini

06/04/2024 04h30  Atualizado há 6 horas

E eu gosto de ser lambida pela coragem”, diz a voz de Fernanda Young, em off, logo no começo do documentário “Fernanda Young — Foge-me ao controle”. O verso é parte do poema de sua autoria “Às vezes sinto vontade de faltar com a verdade”, cujas palavras finais concluem que melhor mesmo é encarar a realidade. E é por esse caminho que a diretora Susanna Lira decidiu conduzir a memória da autora e atriz, morta em 2019, aos 49 anos. Ao longo de 90 minutos, a documentarista costura gravações caseiras, leituras, entrevistas e performances de Fernanda, numa montagem dinâmica que descortina a história e as inquietações dessa niteroiense radicada em São Paulo.


Com a pesquisa iniciada há dois anos, Susanna, que estudou na mesma escola que a escritora, mas não chegou a ser próxima dela, releu todos os livros e assistiu novamente suas obras televisivas. Ao imergir nesse universo, desistiu do formato clássico, baseado em depoimentos. Fernanda, afinal, ainda tem muito a dizer. “Quando mergulhamos na obra, percebemos que fala muito sobre si e ela deixou muito material”, conta. “Eu a vejo no mesmo lugar que pessoas como Frida Kahlo, Kurt Cobain e Virginia Woolf. Não estávamos preparados para aquela figura, vamos absorvê-la ao longo do tempo, e ela vai se tornar cada vez mais mítica.”

A diretora Susanna Lira — Foto: Leo Martins
A diretora Susanna Lira — Foto: Leo Martins

O documentário será exibido, pela primeira vez, no festival É Tudo Verdade, com sessões em São Paulo, neste domingo (7) e segunda-feira (8), e no Rio, na próxima quinta e sexta-feira. Logo que lançou os primeiros materiais de divulgação nas redes, Susanna, acostumada a retratar famosos como Mussum e Clara Nunes em seus filmes, ficou impressionada com a comoção dos fãs. “A identificação das pessoas com a obra de Fernanda é muito forte”, reconhece. “Acho que será o primeiro de muitos trabalhos sobre ela.”

Além de dar destaque à produção literária, que na opinião de Susanna e da própria Fernanda foi negligenciada por preconceito, o filme mostra aspectos menos conhecidos, como os desenhos feitos pela escritora. Explora também o seu protagonismo no feminismo contemporâneo e a história de amor e cumplicidade com o marido, Alexandre Machado, com quem teve quatro filhos.

Os desenhos feitos pela autora ainda são pouco conhecidos pelo público — Foto: Divulgação
Os desenhos feitos pela autora ainda são pouco conhecidos pelo público — Foto: Divulgação

Para cobrir parte dos versos narrados, Susana recorre a imagens de filmes de diretores vanguardistas, como Maya Deren e Dziga Vertov, que considera dialogar com o universo da autora. Também há versos narrados pela atriz Maria Ribeiro, que já interpretou Fernanda e fez o audiobook de seu primeiro livro, lançado postumamente: “Os poemas são ainda mais íntimos do que a prosa”, diz a atriz. “Então, me senti mais perto. Fernanda não acaba nunca. É um universo imenso, feminista e revolucionário.”


Fonte:https://oglobo.globo.com/ela/gente/noticia/2024/04/06/documentario-mostra-mostra-aspectos-pouco-conhecidos-de-fernanda-young.ghtml

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